Para muitos o ano de 2011 foi sensacional,
com muitos carros de ponta, recordes e disputas acirradas por títulos nas
categorias, o que realmente aconteceu e sem dúvida é positivo.Mas se pararmos
para avaliar o “esporte” como um todo, sensacional seria um adjetivo que não
caberia de forma alguma.
Primeiro, explico o por que da
palavra esporte vir acima entre aspas: Principalmente pela atitude dos
responsáveis pelo show, os pilotos, não dá para encarar a Arrancada como
esporte hoje em dia, já que estes, em sua maioria, pensam somente no próprio
nariz quando tem a oportunidade de externar suas opiniões, como foi visto na
reunião e nos eternos debates em fóruns, a respeito do regulamento para a
temporada atual. Outro ponto é que reclamam, reivindicam melhorias na
segurança, na organização dos eventos, nos preços e na infra-estrutura, mas não
são capazes de se unirem e busca de um objetivo em comum, ou seja, a Arrancada
hoje é uma disputa movida pelo ego, de ser o melhor, de estar no topo, mesmo
que por um curto prazo. Restam poucos pilotos que enxergam lá na frente, e me
arrisco a dizer, estarão na arrancada lá na frente.
"A reunião foi uma ótima oportunidade para os pilotos serem ouvidos, e contou com transmissão ao vivo do Hotcampinas, mas durante a semana e com início no horário do Rush, muitos foram impedidos de participar"
Voltando ao motivo pelo qual a
Arrancada em 2011 foi legal, mas longe do sensacional, temos a batalha dos
recordes, algo que com base na fórmula atual, bate de frente com a essência da
disputa, que é chegar na frente!Ao cobrir etapas, me deparei diversas vezes com
um carro saindo na frente, muitas vezes com reação próximas de 0,000 e o
narrador dando atenção ao carro que ficou para trás, já que este virou uma
parcial de 60 pés digna de encaixar o “recorde”.Ao meu modo de ver recorde
deveria ser computado no tempo total ou seja: Tempo de Pista + Reação.Um
piloto, para colocar seu nome na história de uma pista, tem que ser bom de
farol, e dessa forma o recordista com certeza terá andando na frente durante a
puxada, fazendo por merecer o destaque na narração.
"Temos nossa opinião sobre os recordes, mas não podemos tirar o mérito, de forma alguma, dos pilotos que deram show e provocaram temporais em 2011, como Edvan Menezes, Celso Camargo, Guilherme Emiliano e Carlos "Lelo" Bento"
Somado a este e alguns outros
motivos pelos quais a Arrancada Profissional vem enfraquecendo, temos os
Rachões, que são os campeonatos de uma noite.Os motivos que prendem os pilotos
a estes são justamente a oportunidade de sagrar-se campeão em um dia, ou seja,
satisfazer seu ego mais rapidamente, e o “prêmio”, que é pouco, mas é melhor
que nada, como dizem os pilotos de rachão a respeito da Arrancada que não
premia em dinheiro.
Os rachões com seus mata-matas,
movem uma legião de fãs dos lendários Gols e Opalas, mas que quase sempre estão
sendo engolidos pelos fuscas movidos a motor AP. Ou seja temos 3 ícones da
indústria automobilística nacional, se enfrentando, e atraindo muita gente que
gosta de ver esse confronto, que paga para estacionar, paga para assistir, paga
para comer e está deixando os organizadores babando pelas altas cifras que um
evento do tipo proporciona, sendo assim Rachão é a tendência da moda em 2012,
porém tem muito aventureiro sem preparo querendo encher o bolso com esses
eventos, mas tem gente com gabarito também promovendo, porém só pensando no
retorno financeiro.E os pilotos, ah os pilotos que foram citados lá em cima
como incapazes de se unir por um objetivo se submetem a pagar caro, acelerar
pouco, já que para a organização quanto mais carros melhor ( $$$ ) e o pior de
tudo, acelerar na chuva, em condições que podem colocar em risco seu patrimônio,
e sua vida.Temos o recente exemplo do último Rachão em Interlagos, em 21/01,
onde o piloto do famoso, e forte, fusca rosa perdeu o controle e bateu no muro,
sendo quase arremessado para fora do carro devido a abertura da porta. Segundo
relatos de participantes, o carro já apresentava dificuldades no fechamento da
porta desde os boxes, ou seja, a vistoria também deixa a desejar nesses
eventos, seja para a segurança ou até mesmo por regulamento, já que na batida
ficou nítido que o carro possui peças de fibra, o que “diz a lenda” é proibido. Na edição do dia 11/02, a 2ª etapa do evento, novamente a chuva caiu forte o foram 4 acidentes presenciados por nós, com prejuízos novamente apenas no quesito material, mas fica a pergunta, até quando???
Da mesma forma que alguns pilotos
do rachão tem a oportunidade de colocar seu nome em destaque rapidamente,
alguns organizadores vêem a oportunidade de encher o bolso com a mesma
velocidade, fazendo com que o evento cresça desgovernadamente, sem respeitar
datas de outros eventos oficiais, horários de início e fim, e os padrões de
segurança, já que a maioria não permite o uso de Santo Antônio, amparados na
essência dos Carros de Ruas, que todos sabem, já morreu nos rachões faz tempo! Poucos
se preocupam com as mudanças, e quem deveria se preocupar mais, só quer saber
de acelerar...então segue o “jogo”!
É preciso que alguns conceitos
sejam revistos, nas duas formas de competição, para que uma não abocanhe a outra,
afinal ambas tem particularidades marcantes e que as diferem muito. Não sou
contra os rachões, apenas me preocupa a probabilidade destes se tornarem falsas
arrancadas. O rachão deve sim existir para quem não quer se submeter as falhas
que também existem na Arrancada Profissional, como a falta de prêmios, mata-matas e regulamentos que demoram para se consolidar, deixando sempre brechas, mas não pode ser o tumor de um
campeonato onde equipes e pilotos trabalham para ter um carro regular durante
uma temporada inteira e se consagrar ao final do ano apenas, conceito este, que
é o único que faz lembrar um pouco a palavra ESPORTE, no sentido literal e com
letra maiúscula.
Por influências do ano passado, e algumas notícias
como o provável fechamento da Pista de Saltinho e o campeonato de Arrancada em
Artur Nogueira, que depois de uma última etapa esvaziada em 2011, deve perder
espaço para os rachões, o ano de 2012 começa complicado para nós, amantes da
Arrancada.
Texto: Thiago Böttcher
Fotos: Acervo do Blog
Fotos: Acervo do Blog